Há cerca de dois anos, o CREAS - Centro de Referência Especializado de Assistência Social trabalha com a população de rua, por meio do Serviço Especializado em Abordagem Social, que de forma continua tem a finalidade de assegurar o trabalho de abordagem e busca ativa que identifique pessoa em situação de rua, procurando sua reintegração familiar/comunidade, atendendo as demandas imediatas e o acesso a rede de serviços socioassistenciais e intersetoriais de políticas públicas (saúde – inclusive com internações, trabalho, entre outros).
Diariamente, a equipe passa por diferentes locais na busca por esta população de rua, levando-o até a sede do CREAS. No local, são oferecidos café da manhã, banho e espaço para os cuidados com os pertences pessoais – como a lavagem de roupas. “Tentamos estimular independência, cuidado, porque às vezes quando as pessoas passam muito tempo morando nas ruas vão perdendo algumas coisas, até valores”, detalha a coordenadora do CREAS, Verônica Elisa Matos de Campos.
A abordagem, o trabalho de identificação, a acolhida e o convite são feitos pela assistente social, Flávia Regina Chaves Traversim. A ida ao CREAS depende do usuário, e fica à livre arbítrio o número de dias em que deseja participar. “Muitas vezes o atendimento é feito na rua, alguns não vêm ao serviço”, reforça Flávia, comentando que a abordagem serve para detalhar o perfil. “É comum desta população ter o seu grupo e nestes grupos acabam se infiltrando outras pessoas. Só identificando a particularidade de cada um para sabermos quem é população de rua, quem é itinerante que é uma outra classificação”, define a assistente social.
Durante a busca ativa, há o reconhecimento de território, locais onde o morador de rua costuma ficar, no entanto, tais locais não são fixos. “Nossa cidade é de médio porte, temos alguns pontos chaves. É característica desta população, as mudanças, hoje o ponto é uma praça, amanhã outra praça, um viaduto, ela migra muito de local”, enfatiza Verônica.
“A escolha do lugar depende de alguns fatores, ou por conta da procura de uma doação (dinheiro, alimentos) as vezes em determinado ponto, eles (moradores de rua) conseguem mais fácil, mais rápido, e por isso, muitas vezes se concentram no centro, onde o fluxo é maior”, acredita Flávia.
Diagnóstico levantado em 2016 até fevereiro de 2017 mostra que 55 pessoas estavam em situação de rua, muitos eram itinerantes que já se deslocaram para outros municípios. Os motivos por estar na rua em sua maioria são por conflito familiar por desentendimento entre os membros, por dependência química ou alcoólica. A maioria é do sexo masculino, solteiro e possui vínculo familiar na cidade. “Esse número foi encontrado quando feito o levantamento, o que pode não corresponder com a realidade de hoje”, ressalta a coordenadora do órgão.
Muitos que estão nas ruas são itinerantes em passagem por Bebedouro. “Alguns são itinerantes que já têm um destino. É característico dele querer transitar, mas sem saber para onde, então passam e gostam de permanecer alguns dias e depois vão embora, para essas pessoas há a concessão de passagem, encaminhamento ao albergue, toda orientação é feita pela Flávia durante a abordagem”, explica Verônica.
Todo trabalho desenvolvido por meio do CREAS segue normas e legislações do SUAS – Sistema Único de Assistência Social, que padroniza as ações. “Realizamos um serviço normatizado e fiscalizado, todos os meses fazemos relatório para o Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário”, revela a coordenadora mostrando que em maio foram realizadas 149 abordagens e 133 atendimentos na unidade. A aceitação, adesão e permanência dos usuários ao serviço é voluntária, não sendo permitido à equipe obrigá-los a qualquer tipo de participação.
As atividades do CREAS contam com a parceria da rede de atendimento do município, como o CAPS para tratamento da dependência química e avaliações psiquiátricas, UPA para atendimento de urgência e emergência, unidades de saúde para atendimentos clínicos e de especialidades, ambulância para transporte, Frente de Trabalho para encaminhamento ao mercado de trabalho e educação para EJA (Educação de Jovens e Adultos), Guarda Civil, albergue e entidades.
Até o momento foram realizadas 22 internações em clínicas e comunidades terapêuticas, das quais apenas um usuário concluiu o tratamento, 17 retornaram antes do término e quatro permanecem em internação.
Rodoviária conta com serviço para itinerantes
O trabalho junto aos itinerantes é feito na Rodoviária de Bebedouro. O funcionário municipal recebe o viajante e o encaminha para outro município até que chegue a seu destino. O serviço é oferecido de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h. Durante o mês de maio 76 passagens foram concedidas.
A empresa Rápido D’Oeste é quem faz o transporte do itinerante, respeitando o trecho combinado com outras cidades da região. Normalmente, o itinerante desce em Bebedouro já em busca da passagem para chegar a seu destino, sendo atendido pelo funcionário, que se necessário o encaminha à sede da Promoção Social para banho e troca de roupa antes da viagem.