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Terça, 03 Junho 2014 11:08

CMDCA e Rede Criança e Adolescente apresentam balanço de campanha contra violência

Lucimara Lopes: houve aumento no número de denúncias desde o início da campanha. Lucimara Lopes: houve aumento no número de denúncias desde o início da campanha. Foto: Assessoria de Imprensa

O conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a Rede Criança e Adolescente de Bebedouro apresentaram na sexta-feira (30) o balanço da campanha de combate ao abuso, violência e exploração sexual de crianças e adolescentes, realizada durante todo o mês de maio através de passeatas e panfletagens.

Campanha que, de acordo com a coordenadora da Rede Criança, Lucimara Eliane Lopes, já surtiu efeito, uma vez que foi registrado de lá para cá um aumento do número de denúncias. “De mãos dadas, a gente consegue ir longe em prol de nossos menores.”

Várias entidades ligadas ao segmento criança e adolescente participaram do evento da sexta, que contou com o depoimento da jovem Danielle Catalani Moraes, que foi abusada sexualmente na infância e hoje trabalha com crianças que passaram pela mesma situação. Confira a entrevista concedida por ela após o evento: 

Como foi sua reação no início até conseguir confiar em uma pessoa para falar que estava sendo abusada sexualmente? 
Aos 12 anos, comecei a dar trabalho para os meus pais. Não em questão de rebeldia. Eles achavam que meu comportamento era anormal. Por conta do abuso, eu desenvolvi transtornos bipolares, e as críticas pioravam a minha situação. Nessa mesma fase, tive contato com uma professora com quem compartilhava minhas histórias após o término das aulas. E sempre contava uma nova história. Não mentia e ela percebia a situação. Certo dia, eu estava triste e ela me consolou. Compartilhei uma história do momento, ela ficou chocada, mas não se paralisou perante a situação. O fato de ela me ouvir foi o primeiro passo para eu vir a conversar com um tio que era terapeuta. Fui dando os primeiros passos para combater o abuso. Com meus pais, fui realmente conversar muito tempo depois.

Em seu depoimento, comentou que houve dois abusos: aos 5 e aos 17 anos. Houve outros períodos? 
Outros períodos e outras pessoas, incluindo familiares. Existe uma estatística que fala que os abusadores são pessoas próximas e realmente foi o meu caso. No primeiro abuso, teve um agravante, que foi uma mulher, aos cinco anos, e ela em torno de uns dezessete anos. Tive também contato com revistas pornográficas dentro da minha casa. As pessoas não sabem que existem níveis de abuso: o leve e o moderado. A criança que não está preparada para ver uma cena de sexo, uma exposição de nudez, aquilo é um abuso. Quando o menor vê os próprios pais praticando relação sexual, isso já é uma forma de abuso sexual.

Qual a orientação para denúncias dos próprios menores nesta situação? 
O primeiro incentivo é compartilhar as experiências com pessoas maduras, com capacidade de entender e se colocar em seu lugar como vítimas, pois muitas vezes são pessoas que não entendem sobre a questão do abuso sexual. Elas têm o pensamento que o menor sabe o que está fazendo, mas ele não tem consciência dos fatos. Encorajo as pessoas a se expressarem. Se expressar é uma forma de escape, de cura para vida da pessoa. E tem que ser tratado com as pessoas certas, que já passaram pelo mesmo problema e venceram alguns obstáculos. Geralmente, procurar aquele professor da escola muito legal, ele que vai ser o ponto de apoio para conversar e desabafar. Quando estou conversando com alguma criança com suspeita de abuso sexual, eu digo: “tudo o que você me disser, eu vou acreditar”, “tudo o que ouvir, vou procurar analisar”. Mas se ela não tiver confiança, ela não se abrirá. A criança e o adolescente são difíceis de se abrir com a pessoa e conversam somente com aqueles que realmente trazem segurança, conforto, e também que não vão espalhar para todo mundo. 



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